O processo por trás de uma coreografia

Publicado em 3 de novembro de 2025 por Marketing

Por trás de cada coreografia apresentada no palco existe um processo criativo intenso, cheio de pesquisa, sensibilidade e técnica. Seja para o Espetáculo de Final de Ano, para os Festivais de Dança ou apresentações como um todo. O processo coreográfico é o momento em que a arte encontra a intenção, quando o estudo, o sentimento e a experiência se transformam em movimento.

Cada coreografia carrega uma história, uma emoção e uma identidade.
Mas o que existe por trás de cada criação?

Conversamos com alguns dos nossos professores coreógrafos para entender um pouco mais sobre seus processos e sobre o olhar de cada um, afinal, nada melhor do que ouvir quem vive essa experiência intensamente, dia após dia.

Um processo que começa pela ideia

Para o nosso professor e coreógrafo Junior de Souza, o processo coreográfico é uma construção longa e cuidadosa. O ponto de partida é sempre uma temática, ideia, conceito ou história que servirá de base para toda a criação.

“Gosto de trabalhar com o abstrato, com algo que cause conflito e provoque reflexão.”


A partir dessa ideia, ele busca um nome que traduza a essência da proposta, mas sem ser literal. Em seguida, inicia a pesquisa da trilha sonora, que caminha junto ao tema e é definida apenas depois de muita experimentação. 

Junior costuma editar e montar suas próprias trilhas, combinando músicas diferentes e buscando equilíbrio entre sua vontade pessoal e a coerência da obra.

“Muitas vezes, a música que eu queria usar não se encaixa no tema, e eu preciso mudar. É um processo de encaixe constante.”

Música e emoção como guias da criação

Para a professora e coreógrafa Evelyn Libanés, não há uma ordem fixa na criação coreográfica, tudo depende de onde vem a inspiração. Às vezes, ela surge a partir do tema (como nos espetáculos de final de ano); em outras, nasce de uma música que desperta algo especial.

 “O mais importante é que a música me toque. Tem que ser uma música que cause arrepio, que me faça pensar: é essa!”.

A partir desse momento, tudo começa a fluir. As imagens aparecem, os movimentos ganham forma e a história começa a ser contada. Evelyn explica que a música “fala o movimento”, não no sentido técnico, mas no sentimento: se o gesto é mais orgânico, contemporâneo, plástico ou conceitual.

“Quando a trilha tem uma vibração especial, a criação acontece com mais naturalidade.”

Entre inspiração e estrutura

Tanto Junior quanto Evelyn destacam que, embora o processo criativo seja livre, ele também se apoia em ferramentas e estruturas coreográficas.

Junior fala em “laboratórios de movimento”, momentos de experimentação em que os bailarinos participam da construção, testando expressividade e composição. Ele também organiza suas criações em cenas, como trechos de um roteiro, que alternam entre partes cênicas, solos, duos e movimentos de grupo.

Evelyn, por sua vez, descreve que cada coreógrafo desenvolve seus próprios “códigos coreográficos”, caminhos e fórmulas que servem como guias, sem engessar o processo.

“A criação pode começar de cima pra baixo, de lado, de um sentimento, de uma palavra. O importante é estar conectado com o que se quer transmitir”.

Do ensaio ao palco

No caso de coreografias criadas para o Coaching Ballonné (que participam dos festivais competitivos), o processo é mais técnico e detalhado. Junior explica que o trabalho tem um nível quase semi-profissional, com foco em impacto, precisão e identidade artística.

Evelyn reforça que, nos festivais, a coreografia precisa emocionar e impactar o público e o júri, enquanto no espetáculo o foco é celebrar o aprendizado e a experiência coletiva.

Já nas coreografias de Espetáculo, o caminho é mais pedagógico: os coreógrafos utilizam elementos trabalhados nas aulas ao longo do ano e os transformam em arte, para que cada aluno, independentemente do nível, possa expressar o que aprendeu de forma artística e envolvente.

Da ideia ao movimento

Cada professor tem um jeito único de criar, mas todos compartilham o mesmo objetivo: transformar ideias e sentimentos em dança. Entre pesquisa, escolhas musicais, laboratórios, ajustes de luz e infinitas versões antes da estreia, o processo coreográfico é, em si, uma forma de arte, um diálogo entre o coreógrafo, os bailarinos e o público.

E você, já parou para pensar em tudo o que acontece antes da cortina se abrir?

Cada gesto, cada olhar e cada movimento carrega um pedaço dessa construção invisível, o processo que transforma ensaio em emoção.

Quando o espetáculo começa, é a coreografia que conta essa história.

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